
Estamos em dezembro e a tradicional troca de prendas de Natal motiva um acentuado aumento do consumo. Muitas pessoas consideram esta fase bastante stressante e “a mais bela época do ano” acaba por se tornar, para muitos, numa verdadeira dor de cabeça. Não queremos deixar ninguém fora da lista e, pressionados, acabamos por gastar mais do que o previsto. Mas será que estamos a comprar compulsivamente?
Um comprador compulsivo ostenta um padrão sistemático e persistente de compras avultadas e desnecessárias, com consequências sociais e financeiras graves para si e para a sua família e um forte sofrimento motivado pela incapacidade de controlo do impulso de compra e pela culpabilidade que se segue à mesma.
Comprar excessivamente no Natal não faz de nós consumidores compulsivos, mas é algo que podemos evitar se atendermos às subtilezas internas e externas do consumo.
Na sociedade atual, o apelo ao consumo é permanente, multiplicando-se os meios e formas de comprar, mesmo sem sair de casa. Esta acessibilidade e facilidade é desde logo um fator que potencia gastos supérfluos.
Num contexto sociopsicológico fragilizado, como o que estamos a viver, as pessoas têm mais dificuldade em distinguir o acessório do relevante, ao mesmo tempo que a vulnerabilidade emocional pode levar à procura, mais ou menos consciente, de compensação e gratificação através das compras, como se o consumo atenuasse as nossas emoções mais negativas.
Acreditamos que o marketing e a publicidade nos induzem a gastos excessivos, mas na maioria dos casos estas estratégias não fazem mais do que tirar partido dos nossos mecanismos mais primários. Tudo começa no nosso cérebro! Face à experiência satisfatória que as compras promovem, o cérebro produz dopamina, um neurotransmissor envolvido no controlo do humor e das emoções. A dopamina atua no chamado sistema de recompensa e a sua libertação dá a sensação de prazer. Repetir o processo, ou seja, voltar a comprar, replica essa sensação.
Fatores situacionais e circunstanciais balizam igualmente os nossos comportamentos de consumo. Sabemos por exemplo que compras realizadas ao final do dia, com um acúmulo de stress e fadiga, em locais pouco arejados e muito ruidosos, podem ser ruinosas.
Somos ainda suscetíveis a pressões sociais e o melhor exemplo disso são mesmo as compras de Natal: é a norma social da reciprocidade que nos “obriga” a trocar presentes nesta época.
Agora que conhece alguns mecanismos que influenciam os nossos comportamentos de consumo, pode prevenir gastos desnecessários.
Boas Festas!






